Subempreendedorismo:
O Desafio do Empreendedorismo no Brasil
O Brasil tem conquistado posições de destaque no cenário econômico mundial, figurando como a sexta maior economia global, à frente de nações como o Reino Unido, Itália e Rússia. Além disso, em termos de empreendedorismo, o país ocupa a terceira posição no ranking global, com milhões de brasileiros envolvidos em negócios próprios ou na criação de novos empreendimentos.
Contamos com o Simples Nacional, um regime tributário favorável às micro e pequenas empresas, e um mercado consumidor robusto, que oferece oportunidades significativas. Adicionalmente, instituições como o SEBRAE, SENAI e SENAC proporcionam uma ampla gama de recursos para capacitação e desenvolvimento empresarial, incluindo cursos, consultorias e palestras.
No entanto, apesar desses indicadores promissores, é necessário questionar se estamos realmente promovendo um empreendedorismo de excelência, ou se estamos enfrentando um subempreendedorismo, que não atende plenamente às expectativas. Vamos analisar alguns aspectos cruciais.
O empreendedorismo, em sua essência, deve visar não apenas o benefício pessoal do empreendedor, mas também contribuir para a sociedade, gerando empregos, aumentando a riqueza do país e promovendo uma distribuição justa dessa riqueza. No entanto, o Brasil, apesar de sua forte presença no cenário empreendedor, ocupa apenas a 101ª posição no ranking global de distribuição de renda. Isso levanta questões sobre a eficácia do empreendedorismo no país.
Considerando que as Micro e Pequenas Empresas (MPEs) representam 20% do PIB brasileiro e 99% das empresas no Brasil, o cenário é decepcionante. Com 36 milhões de empreendedores ativos, a receita média anual por empresa é de apenas R$ 122.222,22, o que equivale a uma renda mensal de R$ 1.018,51. Essa cifra é praticamente equivalente ao salário de um funcionário de shopping center (R$ 831,00), sem que o empreendedor assuma os riscos inerentes ao empreendedorismo.
Além disso, o Brasil parece enfrentar uma carência de capital inicial para os empreendimentos. Não há pesquisas que revelem a média de capital com que as empresas iniciam suas operações, o que é preocupante. Um empreendedorismo saudável requer capital para investimento, inovação e crescimento. Sem acumulação de capital, é difícil avançar em produtividade e tecnologia.
Outra preocupação é a mentalidade que persiste, tratando os trabalhadores como “mão de obra” e padronizando a equipe com uniformes, o que limita a criatividade e a inovação, contribuindo para o subempreendedorismo.
Portanto, é evidente que o Brasil enfrenta desafios no campo do empreendedorismo. Precisamos de um novo paradigma empreendedor, que promova o crescimento econômico sustentável, a equidade e o desenvolvimento. Caso contrário, corremos o risco de permanecer como “elefantes” que, vistos do céu, têm apenas a tromba, mas não conseguem se movimentar com agilidade no terreno do empreendedorismo global. É hora de repensar e reenergizar nosso empreendedorismo, promovendo um ambiente mais favorável para o florescimento de negócios e a distribuição justa de riqueza.