O Enigma da Riqueza aos Olhos de um Brasileiro
As palavras “buraco,” “agulha” e “camelo” podem, à primeira vista, parecer estranhas aliadas na busca pela compreensão da riqueza. Isoladas, essas palavras parecem insignificantes, mas, quando unidas para formar uma imagem, ganham um poder transformador: “É mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha do que um rico entrar no reino dos céus.” Esta imagem evoca um dilema extraordinário em relação à riqueza, uma escolha que nos confronta: aspirar ao paraíso celestial ou buscar a riqueza terrena.
A Influência da Cultura
Pode parecer que a crença no “buraco da agulha” seja a principal barreira em nosso caminho em direção à prosperidade contínua. No entanto, esta crença é apenas uma parte vital de uma cultura que incentiva os brasileiros a pensar de maneira modesta.
O Poder das Novelas
Um exemplo claro dessa influência cultural pode ser encontrado nas novelas brasileiras transmitidas em nossas televisões. A mensagem em favor da simplicidade é incrivelmente poderosa, superando até mesmo as religiões mais fervorosas que ameaçam os ricos com a punição eterna. A cada nova trama, uma narrativa monótona é reforçada na mente de milhões de brasileiros. Ela perpetua o estereótipo de que os pobres são calorosos, solidários, de bom caráter e extremamente felizes, enquanto os ricos, embora possam ser abastados, sofrem de infelicidade e alcançam sua riqueza não por virtudes empreendedoras, mas por meio de artimanhas.
O fascinante é que essa mensagem não é entregue de forma explícita, onde a persuasão falha, mas é apresentada de maneira subliminar, como se fosse uma verdade incontestável da natureza humana, arraigada desde o início dos tempos. Nossos pensamentos, ao lerem isso, podem se questionar: “Será que não é assim mesmo?”
O encantamento pela pobreza e a aversão à riqueza tornaram-se quase que uma imposição cultural. Como, então, um empreendedor pode superar esse conflito?
O Dilema do Presidente
O presidente de uma grande empresa se encontra diante de um dilema inescapável. Sua missão primordial, a partir da qual todas as outras derivam, é gerir o empreendimento com lucratividade, garantindo que o dinheiro retorne aos investidores. Ele é obrigado a conduzir a empresa em direção ao crescimento e à riqueza contínua, sob pena de demissão. Nesse cenário, tornar-se rico é uma necessidade incontestável.
O Empresário Solitário
Por outro lado, um empresário que possui seu próprio negócio enfrenta um contexto diferente. Ele é o dono absoluto de sua empresa e, como tal, não precisa prestar contas a ninguém. Não há pressão externa para tornar sua empresa rica e próspera. O esforço para expandir depende, em grande parte, de sua ambição pessoal. No entanto, aqui, ele também está sujeito à influência cultural que glorifica a simplicidade.
Para prosperar de maneira contínua, o empresário solitário precisa cultivar uma ideia poderosa em sua mente: enriquecer é não apenas uma questão de adquirir bens materiais, mas também uma busca espiritual para melhorar o mundo. Ele deve perceber que seu empreendimento oferece a oportunidade de expressar seus talentos, de mostrar ao mundo sua verdadeira essência e de correr o risco de ser rejeitado se falhar, mas de alcançar sucesso e, assim, impactar milhares, talvez milhões de vidas, promovendo o amor e a paz, alinhados com o desejo do poeta de uma “coluna reta e mente quieta.”
Em outras palavras, ele deve abraçar a ambição de uma causa nobre. Portanto, tornar-se rico é necessário não apenas para o dono da empresa, mas também para aqueles que buscam melhorar o mundo através de seus empreendimentos.
Neste emaranhado cultural, a compreensão da riqueza como uma ferramenta para a realização de propósitos mais elevados pode ser o caminho para conciliar nossa identidade brasileira com o desejo legítimo de prosperidade. Afinal, ficar rico é necessário!